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sábado, 18 de maio de 2013

E que tal pensar nas Crianças? (Só um bocadinho)

Muito se tem dito e escrito acerca do assunto que está na ordem do dia: a co-adopção por parte de casais homossexuais. 
Já li coisas interessantes, opiniões bem fundamentadas, quer a favor, quer contra, mas também já li as maiores barbaridades possíveis. Se me dão licença, chegou a minha vez de opinar.

Os últimos dias, principalmente hoje depois da aprovação pela Assembleia da República, têm sido férteis em argumentos pró e contra a co-adopção por parte de casais homossexuais. Esgrimem-se argumentos, contam-se espingardas, insulta-se, extrapola-se, discute-se. Mas tudo se centra no direito, ou a ausência dele, de os casais homossexuais co-adoptarem e toda a gente se está a esquecer de uma coisa bem mais importante: 
O DIREITO À FAMÍLIA, UNIVERSALMENTE CONSAGRADO À CRIANÇA.
Família, independentemente de ser "tradicional" ou "moderna" é o aspecto fulcral do assunto em apreço. Se perguntarem a qualquer criança, ela dir-vos-á que só quer uma família, não fazendo destrinça entre homo e heterossexuais e, muito provavelmente, não saberá sequer qual a diferença etimológica destes termos, diferença essa que só os adultos fazem questão de salientar. 
Para uma criança, família é quem lhe proporciona um lar, conforto, dignidade, educação, cuidados básicos e afectos. Uma criança não quer mais do que isto. É isto que pede. E é a isto que tem direito. Não lho neguemos!
A sociedade criou a generalizada imagem de que um casal homossexual tem, necessariamente, princípios pedófilos e o único motivo da adopção é criar alguém à sua imagem, ao estilo, "plantar uma árvore e regá-la para que cresça e dê frutos". Cheguei mesmo a ler que é preferível que as crianças continuem acolhidas em instituições, a serem entregues para adopção por casais homossexuais, argumentando a autora do escrito que "pelo menos nas instituições não correm o risco de chegarem a adolescência e serem seduzidos pelos pais". Já li muitos absurdos, mas esta frase fica no limiar da ausência total de respeito pela dignidade Humana. E fico-me por aqui. Embrulha-se-me o estômago.
A homossexualidade é uma opção de vida, é uma escolha. A pedofilia é uma disfunção, uma patologia que nada tem que ver com a escolha livre e consciente de uma determinada orientação sexual em detrimento da outra. Se tudo fosse assim tão linear, não haveria um único heterossexual que fosse pedófilo. Expliquem-me lá esta, se conseguirem.
Quanto às condições em que as crianças estão institucionalizadas, nem me vou pronunciar, sob pena de ser processado.
Famílias disfuncionais, há-as em todos as classes e estratos sociais e o que por aí não faltam, infelizmente, são exemplos de pais biológicos que maltratam e abusam os próprios filhos e famílias biológicas completamente ineptas no que à paternidade diz respeito. Portanto, em relação a isto, estamos conversados. 
Vão existir casais homossexuais incapazes de cuidar de uma criança? Vão. Mas quando isso acontecer, a nossa sociedade tem é de estar preparada para dar uma resposta eficaz na defesa dos interesses da criança e não diferenciá-la das demais pelo simples facto de ter sido adoptada por um casal "diferente".
Mas o grande entrave à implementação pacífica da legislação hoje aprovada, é a mentalidade da nossa sociedade. Enquanto se encarar a homossexualidade como "contra-natura", ao invés de a considerar uma "escolha livre", pouco ou nada haverá a fazer que não seja lutar contra esse preconceito.

Por outro lado, "contra-natura" é num sistema alegadamente democrático como o nosso, os Deputados, eleitos de acordo com a vontade popular, terem de pedir licença ao partido político que servem para poderem votar de acordo com a sua consciência. A disciplina de voto, sim, é contra a natureza democrática.



Não se pode pedir a um povo que vote em consciência, em alguém a quem não deixam ter consciência para votar!



Ser feliz. Posso?