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terça-feira, 30 de abril de 2013

Uma sugestão a Vítor Gaspar


Vítor Gaspar, anunciou que o Estado vai ter de cortar 4.700 milhões de euros na despesa entre 2014 e 2016. 
No entanto, o Ministro da Finanças não revelou onde é que esses cortes vão ser aplicados porque, muito provavelmente, nem ele sabe.

Posto isto, veio-me de imediato ao pensamento uma coisa em que se pode economizar uns trocos valentes: 
Na imagem da D. Maria.
Era dispensar tudo quanto é conselheiro de moda, costureira e aderecista encarregues de cuidar da imagem da dita senhora e começar a ir, ela própria, comprar os seus  próprios trapinhos à Feira de Carcavelos. O Estado poupava pra cima de um dinheirão, ninguém notava diferença alguma no trajar da D. Maria e mesmo que se notasse, seria seguramente para melhor.  

Só não sugiro que Vítor Gaspar obrigue a D. Maria a pagar os seus trapinhos com dinheiro do seu próprio bolso, porque se me parte o coração perante casos de idosos em situação de emergência social. É que a senhora ganha apenas 800,00€/mês de reforma, é casada com um senhor carregado de "Alzheimer" que não sabe se a sua reforma vai chegar para os remédios e vivem ambos em habitação social cedida pelo Estado, que custa anualmente ao contribuinte 17 milhões de Euros em condomínio.
Este meu coração de manteiga ainda me há-de levar à ruína. 




segunda-feira, 29 de abril de 2013

Consulta no Barbeiro

Homem que se preze desse estatuto vai ao barbeiro. Os outros vão à cabeleireira. Não é bem assim, mas devia ser. 
Homem que é homem não vai à cabeleireira aparar o bigode; vai ao barbeiro. Se um homem tem por hábito ir à cabeleireira, lá vem um dia que faz uma "manicure" e isso, meus amigos, não é de homem.

Barbearia, uma espécie de segunda casa, onde voltamos
todos os meses.....
A barbearia é uma espécie de local de culto. Tem o seu código, o seu protocolo e os seus rituais. A barbearia só pode ser comparada a uma loja maçónica. Se o maçónico tem o esquadro, o compasso e a letra "G" como símbolos, o barbeiro tem a tesoura, o pente e a letra "B". O Grão-Mestre da Loja usa avental. Ai usa? O barbeiro também. E, normalmente, personalizado com o seu nome.
A barbearia é uma tertúlia. Um local de partilha de conhecimentos. Fica-se a par das últimas notícias e rumores do futebol; das últimas novidades dos carros e das motas; do tempo que vai fazer até ao fim do ano porque "O Borda d'Água" lá está para desfazer dúvidas; gravidezes indesejadas e, a cereja no topo do bolo, ficamos a saber das últimas traições matrimoniais da vizinha da frente.
A barbearia também é local de leitura. É lá que podemos encontrar os últimos números de revistas de caça e pesca,  automobilismo e "marotice". Porque o saber tem de ser partilhado. 
Na barbearia encontramos solução para todos os problemas da vida, dos mais elementares ao mais complexos. Se Passos Coelho cortasse o cabelo numa barbearia, o país não estava assim. Qualquer barbeiro tem a solução para a crise; Se o barbeiro fosse treinador de futebol, era campeão europeu todos os anos. O barbeiro tem uma táctica secreta que resultaria na vitória de todos os jogos e que faz de corar de vergonha o Barcelona e o seu "tiki-taka". O barbeiro tem o "ataka-ataka" desdobrado num "tudo ao molho e fé em Deus". 
O Barbeiro tem o poder!!! Porque bate punho!!!!
Um homem vai ao barbeiro e sai de lá novo. O barbeiro é um misto de Joana Solnado, Miguel Gonçalves (o tal que bate punho) e Maya. O barbeiro é confidente e conselheiro, a quem um homem é até capaz de confiar os seus desastres ao nível da performance amorosa. "Ontem não consegui". E o barbeiro tem sempre uma palavra de conforto que é infalível na elevação do ânimo alheio: "Deixe lá isso. Podia ter sido pior". E arranja sempre um exemplo de alguém a quem, efectivamente, aconteceu pior. "Nem queira saber o que aconteceu a um amigo meu...".  
É por isto que uma ida ao barbeiro devia ser comparticipada pelo Serviço Nacional de Saúde. Equivale a uma consulta no psicólogo, mas muito melhor, porque nunca ninguém saiu do psicólogo com o cabelo cortado.
E o barbeiro tem a premissa de se despedir com um caloroso "até à próxima". Porque ele sabe que vai haver uma próxima.
O Barbeiro faz mais uma vítima (real).

domingo, 28 de abril de 2013

Emigrantes Portugueses - A Correr Mundo desde 1415

Aqui há uns tempos, Pedro Passos Coelho aconselhou os portugueses a emigrar e o país inteiro riu a bandeiras despregadas. Riu da patetice do convite, porque dizer a um português para emigrar é a mesma coisa que lhe pôr uma imperial e um pires de tremoços à frente. "É que é já a seguir!".
Poucas coisas conseguirão ser mais ridículas do que dirigir um convite à emigração a um povo que, contas redondas, há 600 anos que não sabe fazer outra coisa que não seja emigrar. O português anda de trouxa às costas desde que, em 1415, D. João I teve a peregrina ideia de querer abrir um "franchise" deste burgo em Ceuta. 
E, a partir daí, é História:
Descobrimos as brasileiras e fomos de barco à Índia buscar cominhos prá feijoada; Demos a este Mundo metade do mundo de que este Mundo é feito e pusemo-lo a rezar o "Pai Nosso" na língua de Camões.
Desde que Passos Coelho incitou à emigração, já muitos partiram e outros tantos partirão. Não partem porque lhes pediram para partir. Partem porque o mundo chama por eles. Partem porque o Mundo é nosso.
Ao partir, levam consigo um pedaço do país. Seja uma bandeira, um cachecol ou uma camisola, uma imagem de N.ª Sr.ª de Fátima ou um garrafão de verde tinto, o emigrante leva na mala um pedacinho de Portugal e no coração um país inteiro.
Para o português, Portugal não se extingue nas fronteiras deste pedaço de terra entalado entre Espanha e o Atlântico. Portugal é onde houver um português! É onde se ouvir Amália, Quim Barreiros e Tony Carreira! É onde cheirar a cozido à portuguesa e a leite creme acabado de queimar! É onde houver uma bandeira pendurada numa janela ou um "terço" e um CD pendurados num retrovisor!
O Português não perde identidade. Antes, tudo faz para "colonizar" quem o acolhe. O português faz o que pode para se sentir como se estivesse em Portugal.
Mandem um português para o Tibete e passada uma semana, vão ouvir um monge na rua a assobiar qualquer coisa parecida com ponho o carro, tiro o carro, à hora que eu quiser♫; O bacalhau entra definitivamente na dieta tibetana e o Dalai Lama deixa crescer o bigode.
E se mandarem para lá outro português, os dois juntam-se, fundam uma "Comunidade Portuguesa" e ao fim de semana passa a haver churrasco, depois de uma futebolada "solteiros contra casados - muda aos 5, acaba aos 10".
Mas o português não vai embora. Não vira as costas ao país e não o abandona. O português apenas parte. Pode levar 50 anos a voltar, mas muito antes da partida, já tem o regresso no pensamento.


"Ser português é ter saudade, saudade de ser português"


Ilustração:
Jorge Brito Drawings


sábado, 27 de abril de 2013

Ensaio Sobre a Mulher Portuguesa


A Mulher portuguesa não podia ser de outro sítio qualquer; Só podia ser portuguesa.
A Mulher Portuguesa tem buço, porque a Mulher portuguesa tinha de ter buço; Se não tivesse, não era portuguesa. Era uma outra qualquer.
A Mulher portuguesa arregaça as mangas e leva as mãos às ancas quando é contrariada; E franze o sobrolho. E derrete-se com um elogio. 
A Mulher portuguesa não tem medo; Pegou numa pá e correu daqui pra fora tudo quanto era castelhano que lhe aparecia pela frente; E do pão fez rosas; E de um cravo fez Abril; E do fado fez o hino de um povo.

A Mulher portuguesa age, sai à rua e grita contra o que não quer, mas grita muito mais pelo que quer. 
A Mulher portuguesa vai à frente e lidera. É a primeira a avançar e é do género "VAMOS A DESPACHAR ISTO QUE EU DEIXEI O COMER AO LUME!" 
A Mulher portuguesa não se cala, porque a voz é maior do que ela; Não cabe dentro de dela. 
A Mulher portuguesa ralha; Ralha porque tem de ter sempre razão e pobre daquele que não lha dê. Ter razão é-lhe tão natural como gostar de malas e sapatos. 
E amua; Amua quando tem razão e quando não tem, mas não lha dão.
A Mulher portuguesa é de paixões; Ama como nenhuma outra. Quando se entrega é para sempre; E se não for para sempre, que seja até durar e até voltar a ser para sempre. 
A Mulher portuguesa é orgulhosamente portuguesa; fala de futebol mesmo que não saiba quantos jogadores são de cada lado; Mas fala porque o Mourinho é o maior e o Ronaldo é o melhor. E são portugueses. E isso enche-lhe o peito.
A Mulher portuguesa põe tudo de si em tudo o que faz. E faz! E se não fizer, morre a tentar fazer. 
A Mulher portuguesa não dobra. Antes partir que dobrar, porque a vergonha é menor. Não tem medo de falhar; Só tem medo de não tentar.
A Mulher portuguesa é avó, é mãe, é esposa e é amante e ainda lhe sobra tempo para ser bonita; Bonita como só ela sabe ser e nenhuma outra pode ser. 

A Mulher portuguesa é desconfiada; Desconfia quando o marido chega tarde; Mas também desconfia se chega cedo.
A Mulher portuguesa chora de alegria e consegue rir das suas próprias desgraças; Porque se fosse ao contrário, levava a vida a chorar.
A Mulher portuguesa é pequena; Não porque a sardinha também o seja, mas porque a Mulher portuguesa nunca terá  tamanho suficiente para guardar uma alma do tamanho de um povo.
A mulher portuguesa consegue ser como qualquer outra Mulher, mas nenhuma outra consegue ser como ela; Porque a Mulher portuguesa pode e as outras não. 
A Mulher portuguesa não é propriedade; A Mulher portuguesa toma posse e conquista. É tudo dela! E se não for, com o tempo passa a ser.
A Mulher portuguesa não é nossa; Não é de ninguém; Nós é que somos dela; Mas só porque ela deixa. E assim é que está bem!

A Mulher portuguesa faz tudo o que as outras fazem, mas faz melhor; Fá-lo com um sorriso na cara, uma mala falsificada numa mão e um saco de compras na outra.

quinta-feira, 25 de abril de 2013

O Cravo da Revolução, ou como um piropo mudou a história

Existem várias versões sobre a forma como o cravo se tornou o símbolo do "25 de Abril", havendo apenas consenso quanto à sua protagonista. Como tal, tenho também a minha versão, que aqui partilho...

Esta é Celeste Caeiro, a mulher que fez do cravo o símbolo da Revolução.
Celeste conta agora com 80 anos, fustigados na sua última metade pela quantidade de vezes que foi obrigada a contar sua história ao jornal "Avante!":
- "É todos os anos o mesmo! Mal chegamos ao mês de Abril começa a romaria de comunistas à minha porta."
No entanto, à data da Revolução, Celeste tinha 40 aninhos acabados de fazer e, segundo, palavras da própria, era "bem jeitosa e com tudo no sítio" e a rapaziada passava a vida a mandar o piropo da ordem, tendo sido essa popularidade que esteve na origem do episódio dos cravos.
Celeste ia a caminho do Rossio e levava no regaço um molho de cravos. Quando lá chegou, deparou-se com um mar de gente que enchia por completo a praça. Não fosse o facto de ainda estarmos em 1974 e aquela aglomeração de gente poderia muito bem ser uma manif a favor do casamento homossexual que, como todos sabemos, é a causa que mais gente consegue reunir nos dias que correm. Mas não era.
Ao passar próximo de uma coluna militar, Celeste é interpelada por um militar que, com um sotaque beirão, do alto do seu veículo lhe diz:
- "Ó jeitosa! Queres vir dar uma voltinha na minha chaimite? Tens uns "faróis" maiores que os duma "berlier"! Havia de ser estilhaços por todo o lado!!!
- Credo, senhor militar! Até me assustou! Eu sou moça de famílias, tá bem? Que raio estão vocês aqui a fazer?"
- Não sei bem, mas acho que é pra fazer uma revolução. Sabe, eu hoje até estava de folga... mas como me disseram que no fim há porco no espeto e tinto à descrição... olhe... vim...! Mas isto está a ser uma seca! O raio do rádio da chaimite tá sempre a tocar o mesmo. Ora Paulo de Carvalho, ora Zeca Afonso... já deito o Grândola Vila Morena p'los olhos! Olhe menina...! Não quer vir dar uma voltinha? É que eu tenho de ir meter gasóleo. Aproveitavamos, iamos ali até Monsanto e a menina ajudava-me a limpar a espingarda. Tá a ganhar ferrugem da falta de uso.
- Tenha respeito! Já lhe disse que não sou dessas! E mais a mais o meu marido deve estar pra chegar. Combinei encontrar-me aqui com ele. Não dava tempo de ir a Monsanto e voltar.
- Tá visto que hoje nem um tiro dou....
- E estão aqui desde que horas?
- Ui! Desde cedo. Já andamos nisto desde ontem à noite! Isto de fazer revoluções não é assim com duas tretas, pra mais pra quem não está habituado. E, mais a mais, pra estas coisas convém vir cedo pra se apanhar os lugares da frente. Caso contrário, não se vê nada! 
Olhe! Acabou-se-me foi o tabaco. A menina não tem por aí um cigarrito que me dê, não?
- Cigarros não tenho, que não fumo disso. Mas tenho aqui cravos e posso-lhe arranjar um. Não é a mesma coisa mas dá pra desenrascar. Há quem fume barba de milho e a coisa deve ir dar ao mesmo. Quer um cravo?
- E como é que eu vou fumar o raio do cravo? Isso tá verde! Não quero o cravo pra nada! Isso dá pra cheirar, mas não dá pra fazer linhas direitinhas.
- Deixe-se disso! Mete-se o cravo aqui na ponta da sua espingarda, ele seca num instante e depois já o fuma...."
Ilustração:
Jorge Brito Drawings

E assim foi. Os restantes militares presentes acharam piada à coisa e desatou tudo a enfiar cravos nos canos das espingardas.
E se assim não foi, podia muito bem ter sido e eu gostava que tivesse sido....



Portugal vs. Venezuela - Até em mulheres ficamos a perder

O Presidente venezuelano, Nicolas Maduro, nomeou Alexandra Benítez como Ministra do Desporto daquele país. (ler notícia)
Por cá, como se já não bastasse ter Paula Teixeira da Cruz e Assunção Cristas no Governo, Pedro Passos Coelho nomeou Berta Cabral como Secretária de Estado da Defesa. (ler notícia)
O que é que isto tem em comum? Nada. Rigorosamente nada, para além de serem ambas do sexo feminino, pese embora haja especialistas que guardam reservas quanto a Berta Cabral.
Se Alexandra Benítez foi nomeada por ter dado a primeira medalha olímpica à Venezuela, já Berta Cabral foi nomeada por ter perdido a medalha nas últimas eleições regionais dos Açores. 
Em todo o caso, ambas as nomeações foram feitas por mérito próprio e só as más línguas teimam em dizer que uma foi nomeada por ser "alejadinha de boa" e a outra por agradecimento pelos serviços prestados ao partido de Passos Coelho, ao jeito de "deixa-me arrumar esta gaja pra sítio onde não faça mais estragos".
Tudo isto vem apenas confirmar que nós ficamos sempre a perder para os venezuelanos. Há uns anos, Hugo Chavez veio salvar os Estaleiros Navais de Viana do Castelo, fez de conta que comprou um barco e nós é que ficamos a ver navios. Agora, eles ficam com o "traço" e nós ficamos com o "carcaço".



quarta-feira, 24 de abril de 2013

O Ministro Nuno Crato e o número 100

O Ministro da Educação e Ciência, Nuno Crato, apadrinhou, no passado dia 19 de Abril, o lançamento e apresentação do programa televisivo "100 Segundos de Ciência", a exibir na antena da RTP.

Ora, nada mais natural que assim seja:

Depois dos estrondosos sucessos que foram os programas "Escolas 100 Professores" e "Professores 100 Futuro", sabiamente implementados pelo Ministério de Nuno Crato, o sucesso deste novo programa está garantido.

Entretanto, o citado Ministro anunciou o relançamento, para breve, do programa "Políticos 100 Vergonha", que será implementado junto dos jovens políticos, por forma a garantir a continuidade de uma classe que domina por completo o cenário político em Portugal, aguardando-se apenas que a Troika desbloqueie uma tranche financeira destinada apenas a esse programa que, como é apanágio sempre que engloba a classe política, vai ser dispendioso.
Nuno Crato no lançamento do programa "100 Segundos de Ciência"


terça-feira, 23 de abril de 2013

Vítor Gaspar: Facebook é a solução para a crise

Noticiava há dias a revista Visão que a rede social Facebook está a testar um sistema de envio de mensagens pagas a celebridades e figuras públicas, podendo cada mensagem chegar aos 12 €.
Ora, usando da sua extraordinária e reconhecida capacidade de perspectivar cenários e fazer previsões, Vítor Gaspar viu nisto, de imediato, uma oportunidade única para tapar o buraco de cerca de 1.300 milhões de euros, aberto pela inconstitucionalidade de algumas normas do Orçamento de Estado.
Para tanto, e numa fase experimental, Vítor Gaspar vai propor ao Facebook a criação de uma "caixa de mensagens" de valor acrescentado, através da qual os portugueses poderão insultar, por 1€ a mensagem, o Ministro das Finanças.
Para além dos proventos directos, obtidos com o custo das mensagens, Vítor Gaspar prevê também uma poupança avultada no Serviço Nacional de Saúde, já que o insulto, provado está, alivia tensões e afasta depressões, o que evitará inúmeras consultas comparticipadas de psicologia.
Vítor Gaspar assegurou que, caso se confirme o previsível sucesso da operação, a iniciativa será alargada aos restantes membros do Governo e a todos os Deputados da Assembleia da República.
Vítor Gaspar tem a certeza que, com isto, serão cumpridas as metas do défice e será saldada a dívida à Troika em tempo recorde e os alemães vão ficar tão contentes que vão cumprir as contrapartidas da negociata dos submarinos.