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sábado, 27 de abril de 2013

Ensaio Sobre a Mulher Portuguesa


A Mulher portuguesa não podia ser de outro sítio qualquer; Só podia ser portuguesa.
A Mulher Portuguesa tem buço, porque a Mulher portuguesa tinha de ter buço; Se não tivesse, não era portuguesa. Era uma outra qualquer.
A Mulher portuguesa arregaça as mangas e leva as mãos às ancas quando é contrariada; E franze o sobrolho. E derrete-se com um elogio. 
A Mulher portuguesa não tem medo; Pegou numa pá e correu daqui pra fora tudo quanto era castelhano que lhe aparecia pela frente; E do pão fez rosas; E de um cravo fez Abril; E do fado fez o hino de um povo.

A Mulher portuguesa age, sai à rua e grita contra o que não quer, mas grita muito mais pelo que quer. 
A Mulher portuguesa vai à frente e lidera. É a primeira a avançar e é do género "VAMOS A DESPACHAR ISTO QUE EU DEIXEI O COMER AO LUME!" 
A Mulher portuguesa não se cala, porque a voz é maior do que ela; Não cabe dentro de dela. 
A Mulher portuguesa ralha; Ralha porque tem de ter sempre razão e pobre daquele que não lha dê. Ter razão é-lhe tão natural como gostar de malas e sapatos. 
E amua; Amua quando tem razão e quando não tem, mas não lha dão.
A Mulher portuguesa é de paixões; Ama como nenhuma outra. Quando se entrega é para sempre; E se não for para sempre, que seja até durar e até voltar a ser para sempre. 
A Mulher portuguesa é orgulhosamente portuguesa; fala de futebol mesmo que não saiba quantos jogadores são de cada lado; Mas fala porque o Mourinho é o maior e o Ronaldo é o melhor. E são portugueses. E isso enche-lhe o peito.
A Mulher portuguesa põe tudo de si em tudo o que faz. E faz! E se não fizer, morre a tentar fazer. 
A Mulher portuguesa não dobra. Antes partir que dobrar, porque a vergonha é menor. Não tem medo de falhar; Só tem medo de não tentar.
A Mulher portuguesa é avó, é mãe, é esposa e é amante e ainda lhe sobra tempo para ser bonita; Bonita como só ela sabe ser e nenhuma outra pode ser. 

A Mulher portuguesa é desconfiada; Desconfia quando o marido chega tarde; Mas também desconfia se chega cedo.
A Mulher portuguesa chora de alegria e consegue rir das suas próprias desgraças; Porque se fosse ao contrário, levava a vida a chorar.
A Mulher portuguesa é pequena; Não porque a sardinha também o seja, mas porque a Mulher portuguesa nunca terá  tamanho suficiente para guardar uma alma do tamanho de um povo.
A mulher portuguesa consegue ser como qualquer outra Mulher, mas nenhuma outra consegue ser como ela; Porque a Mulher portuguesa pode e as outras não. 
A Mulher portuguesa não é propriedade; A Mulher portuguesa toma posse e conquista. É tudo dela! E se não for, com o tempo passa a ser.
A Mulher portuguesa não é nossa; Não é de ninguém; Nós é que somos dela; Mas só porque ela deixa. E assim é que está bem!

A Mulher portuguesa faz tudo o que as outras fazem, mas faz melhor; Fá-lo com um sorriso na cara, uma mala falsificada numa mão e um saco de compras na outra.