Tivemos ontem notícia que a Comissão Europeia aplicou um total de 1.700 milhões de Euros de multa a 5 bancos e uma correctora, por manipulação das taxas Euribor e Libor.
À primeira vista, isto pode dar a entender que a Comissão Europeia está atenta às movimentações menos claras do mundo da finança e que mantém apertada vigilância sobre os operadores bancários. "Inchem! Fizeram asneira com o nosso dinheiro, agora paguem!" - Foi esta a primeira reacção da populaça.
Nada mais errado. Pelo menos entre 2005 e 2009, as instituições financeiras agora alvo desta "pesada" multa manipularam, de forma concertada, as taxas de juros que servem de indexante, de referência, aos empréstimos concedidos aos clientes, lucrando indevidamente, com essa cartelização, um montante impossível de quantificar, mas que pode facilmente chegar aos 5.000 milhões de Euros. Ou seja, foi este o total global que os clientes com empréstimos bancários pagaram a mais de juros pelos mesmos, durante esse quinquénio.
E então, o que fez a Comissão Europeia para resolver o problema?
Como todos sabemos, o sector bancário vive dias difíceis; ouvimos quase todos os dias notícias relacionadas com injecções de capital dos Estados em bancos, nacionalizações, riscos de falência e resgates financeiros. Logo, a Comissão Europeia não podia ser demasiado severa com estas instituições bancárias, sob pena de lhes criar um problema de estabilidade que se estenderia a todo o sistema bancário e que os Estados teriam de ajudar a resolver posteriormente porque, como todos sabemos, a minha empresa pode falir, mas um banco não.
Vai daí, a Comissão Europeia decidiu ficar com parte dos lucros dessa cartelização, aplicando a referida multa de 1.700 milhões de Euros, e deixou as instituições financeiras ficarem com o remanescente do saque efectuado à carteira dos seus clientes.
Fica assim resolvido um problema, com lucro para a Comissão Europeia e para as instituições financeiras envolvidas e ninguém vai preso, porque...
NO FIM, PAGAM SEMPRE OS MESMOS!